Litografias a seco
A exposição Litografias a seco, de Zè César, reúne um conjunto de gravuras desenvolvidas inicialmente em 2014, durante uma viagem de estudos à Cidade do México, onde teve contato com a técnica de litografia a seco através do mestre Raul Cabello, da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM). Ao retornar ao Brasil e durante os anos seguintes, o artista manteve o interesse na técnica e continuou a explorá-la, buscando novos suportes e criando outras possibilidades de impressão. O termo “a seco” refere-se ao recurso empregado no processo de produção das gravuras, que difere da litografia tradicional dado que o componente utilizado para repelir a tinta gráfica e obter a impressão é o silicone e não a água. Esta técnica foi criada pelo artista canadense Niuk Semenoff e, portanto, sugere um percurso do norte ao sul das Américas.
Num olhar atento à ampla produção realizada mediante esta técnica é possível observar os mais diversos assuntos que inquietam o artista, em particular seu olhar sobre as cidades contemporâneas. Fachadas, janelas ou enormes paredes de concreto sobrepostas são representadas desde diversos ângulos com o intuito de trazer reflexões sobre o “excesso de cidade” que, no caso das obras do artista, justamente por isso, estão sempre desprovidas do seu elemento humano. Em outras ocasiões, a árvore enquanto elemento iconográfico aparece sobreposta às cidades propiciando ao espectador diferentes camadas de leitura no eterno binômio cidade/natureza. As cidades e as árvores acabam por oferecer ao artista tramas emaranhadas que dão passo às singulares e poéticas experiências abstratas.
Esta exposição, que ocorre junto à comemoração dos 20 anos de criação da Galeria da FAV, celebra a vivacidade da produção artística de Zè César e seu olhar atento às questões políticas, sociais, urbanas e ambientais e reafirma a importância de sua atuação no espaço acadêmico e na cena artística e cultural do estado. Como quem caminha pelas ruas da cidade, convidamos você a passear por esta exposição atravessando paisagens singulares de um artista que se insere na longa tradição de gravuristas de Goiás.
Glayson Arcanjo
Eliane Chaud
Paulo Duarte-Feitoza