PROJETO DE EXTENSÂO

Por Galeria da FAV

Titulo : GALERIA/LABORATÓRIO: a Galeria da FAV como espaço de formação artística e plataforma de pesquisa de discentes, técnicos e docentes da UFG (PI05220-2021)

Código (PROEC) : PJ085-2023

Unidade Proponente: FACULDADE DE ARTES VISUAIS / UFG

Coordenador: Glayson Arcanjo de Sampaio
Vice-coordenadora: Valeria Fabiane Braga Ferreira Cabral

 

Resumo:
O Projeto de Extensão intitulado “Galeria da FAV: estratégias artísticas e educacionais para formação de público e democratização do acesso à Arte Contemporânea em Goiânia” é uma ação extensionista da Galeria da Faculdade de Artes Visuais FAV/UFG que propõe estabelecer uma relação dialógica entre a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a sociedade, através da elaboração de estratégias para a democratização do acesso à Arte Contemporânea e formação critica e sensível em diálogo com os diversos públicos, com a intenção de possibilitar um conhecimento e aproximação da arte contemporânea entre os/as envolvidos/as nas ações a serem desenvolvidas. O objetivo geral do projeto é favorecer um desenvolvimento formativo entre o público participante (principalmente moradores dos setores proximos a UFG - Campus Samambaia) e os/as estudantes dos cursos de Artes Visuais - Licenciatura e Bacharelado - por meio de planejamentos que promoverão a realização e avaliação de proposições educativas que privilegiem espaços para aprendizagens em experiências. Estas proposições terão como fio condutor o conceito de arte como experiência (DEWEY, 2010) em um movimento reflexivo contínuo de ‘ver e ser visto’ (TOURINHO, 2011). O trabalho de mediação de um grupo propositor buscará contribuir para criação de repertórios artísticos e ainda, construir uma compreensão da arte contemporânea através das exposições de artistas visuais a serem realizadas na Galeria da FAV, além de estudos das exposições e elaboração de exercicios curatoriais, produção, montagem mediação e circulação da obra de arte e do contato e troca do público com artistas visuais contemporâneos, oficinas, conversas e demais ações de extensão a serem realizadas na Galeria da FAV e entorno.

Justificativa:
A Galeria da FAV, espaço Prof. Antônio Henrique Péclat, foi inaugurada em 21 de maio de 2002, sendo responsável pela formação do nucleo de obras integrantes do acervo artístico da UFG. Em seus 20 anos de existência, A Galeria da FAV realizou mais de 70 mostras, entre exposições individuais e coletivas, com artistas locais, nacionais e internacionais, estabelecendo conexões com questões emergentes nas produções artísticas apresentadas, integrando-se no circuito de galerias e museus universitários. Ao longo destes anos, a Galeria da FAV tem atuado como laboratório estético, mantendo o compromisso com a divulgação das artes visuais e a formação estética e cultural dos indivíduos. Soma-se a isso, a carência de espaços na cidade de Goiânia que privilegiam as atividades de extensão cultural e artística. Por tais motivos, a existência de um projeto de formaçao de publico na UFG, faz-se de grande importância, pois abre espaço para estabelecer trocas entre Universidade e Sociedade, produzindo ações de colaboração mútua e a possibildiade de construção de conhecimento, ativação da percepção, aguçamento da sensibilidade para a educação artistica e estética no contexto da Arte Contemporanea, ajudando a criar vinculos entre pessoas da comunidade de Goiânia com pouca ou nenhuma vivencia em Artes, mas também entre estudantes, professores, pesquisadores e técnicos da UFG, neste, que é um dos mais siginificativos espaços de exposições universitário no Brasil.

Fundamentação Teórica:
A perspectiva teórica do projeto apresenta um pensamento, que puxa fios para entrelaçar arte e vida, em um processo formativo que é articulado ao conceito de arte como experiência de Dewey (1971). O autor defende que a arte depende da interação entre o organismo vivo e o seu contexto. Nesse sentido, as proposições educativas vão incentivar reflexões sobre o “ver e ser visto”, com foco nas produções artísticas das exposições de artistas visuais contemporâneos a serem realizadas na Galeria da FAV e poderão desencadear uma compreensão crítica que valoriza os contextos de produção e/ou recepção. Estas reflexões consideram que [...] a experiência do ver e ser visto não significa, apenas, restringir-se a um olhar, a uma visão ou a uma perspectiva. Significa ‘o ver e o ser visto’ compreendidos também em suas parcialidades, ou seja, no espectro fragmentado que essas experiências oferecem quando nos damos conta dos significados que atribuímos às imagens. Significados que se constroem não apenas em consequência das limitações, cegueiras, vieses e circunstâncias que nos constituem e formam os modos, ângulos e contextualidades das experiências visuais, mas, também, significados construídos em consequência das diferentes e diversas maneiras como as imagens podem ser (re)construídas, (re)apresentadas, transfiguradas, postas em circulação e ‘recepcionadas (TOURINHO, 2011, p. 10). . Na perspectiva de construir significados através do ‘ver e ser visto’, o pensamento de Dewey sustenta a ideia de que nenhuma reflexão sobre processos artísticos e educacionais são possíveis quando não se leva em consideração os contextos nos quais estes estão inseridos. É importante perceber que inerente às relações entre arte e experiência em nossos contextos de atuação "o pensamento da experiência vem após a experiência e molda-se pela vivência da própria experiência” (DEWEY, 1959, p. 109). O pensamento de Shusterman expõe o papel da arte na filosofia deweyana afirmando que para Dewey “a arte deveria ser retirada da sua repartição sagrada e introduzida no domínio da vida cotidiana, no qual pode funcionar mais efetivamente como um modelo e estímulo de reforma construtiva” (1998, p.252). Nesse sentido, é fundamental compreender os modos como a arte é concebida, pois esses modos operam transformações nos processos de ensinar e aprender. O contato com exposições de artistas visuais contemporâneos na Galeria da FAV, intensificará um diálogo com o pensamento de Dewey (2010) e Tourinho (2011), possibilitando uma compreensão de arte no contexto da arte contemporânea estabelecendo vínculos entre arte e vida que podem estimular experiências estéticas que potencializam compartilhamentos, questionamentos e discussões contribuindo na produção de subjetividades e interpretações através do ‘ver e ser visto’ na contemporaneidade.

Metodologia:
Os procedimentos metodológicos deste projeto serão norteados pelo que Donald Schön (2000) denomina reflexão-na-ação. O pensamento de Schön (2000), desencadeia um processo de permanente reflexividade através de momentos avaliativos sobre o que está sendo feito e como está sendo feito para aprendermos a tomar consciência da e na experiência. Sem desligarmos das ideias e conceitos de Dewey (1959) é importante compreender as ideias de Schön (2000) como um conjunto de processos - (a) conhecimento na ação; (b) reflexão na ação; (c) reflexão sobre a ação e sobre a reflexão na ação -, para desenvolver uma reflexividade de forma contínua, perseguindo a interatividade entre pensamento e ação e tentando propor e/ou criar novas atitudes pedagógicas e novos modos de agir para fazer emergir questões que contribuam para construção de um espaço de formação. Tal ambiente formativo será constituído por visitas educativas; discussões dirigidas sobre o fazer artístico; cursos e ações extra espaço expositivo da Galeria para gerar constante reflexividade na qual os saberes para articular conhecimento e desenvolver um processo educativo serão elaborados por um grupo propositor. Esse Grupo será formado a partir da realização de um curso que terá o convite aberto para estudantes dos Cursos de Artes Visuais e comunidade em geral, e a temática estará relacionada à arte contemporânea e como suas produções aproximam arte e vida. Um dos objetivos específicos do curso será problematizar o conceito e as possibilidades de mediação em exposições de arte contemporânea. A avaliação será um dos procedimentos metodológicos presente durante todo o processo, através de rodas de conversas, comentários em um diário coletivo no Google Drive e questionários individuais no Google forms, na tentativa de buscar compreender sobre o que foi feito e como foi feito possibilitando uma tomada de decisões sobre o que ainda pode ser feito. Levando em consideração que “as concepções de educação, de arte, de aprendizagem e de ensino são subjacentes aos processos de avaliação [...] não podemos pensar a avaliação como um processo isolado” (TOURINHO, 2017, p.60). Vale ressaltar que a criação de caminhos metodológicos para este Projeto terá uma energia orgânica abastecida durante o projeto, a depender das complementações que possam ser indicadas através dos movimentos avaliativos.

Objetivos Gerais e Específicos:
Objetivos gerais: - Implementar ações de extensão que favoreçam diálogos entre pessoas da comunidade em Goiânia e a Universidade Federal de Goiás; - Elaborar estratégias para a democratização do acesso à cultura e Arte Contemporânea por meio de ações artisticas e educacionais na formação critica e sensivel de novos públicos. - Incentivar um espaço formativo através de proposições educativas a serem construídas durante as exposições realizadas na Galeria da FAV; Objetivos especificos: - Formar um grupo propositor para conduzir um trabalho em mediação, planejamento de proposições educativas na Galeria da FAV; - Ampliar leituras e estudos com foco em Arte Contemporânea (acções educativas, mediação, curadoria e produção de exposições); - Promover ações que incentivem o diálogo e a reflexão sobre as relações entre arte e vida estimulando ideias e sentimentos articulados ao “ver e ser visto”; - Desenvolver um espaço de reflexividade contínua sobre questões artísticas e estéticas na contemporaneidade. 

Resultados Esperados
Espera-se que o Projeto propicie o diálogo, a troca de conhecimento e a vivência com proposições educativas e pesquisas que nos ajudem a nos ver e a buscar sermos vistos através de produções artísticas. Espera-se, ainda, a instauração de condições favoráveis para estender as discussões buscando inserir pequenas mudanças no modo como cada envolvido/a se relaciona com a arte contemporânea. É desejável que a partir desse projeto seja possível estabelecer diálogos constantes com uma diversidade de pessoas participantes e visitantes da Galeria da FAV, alargando a experiência com a arte contemporânea de modo a fortalecer e intensificar a ideia da galeria universitária como um "espaço gerador de conhecimento, formador de novas maneiras de compreender a arte e suas relações com a sociedade e ampliar as possibilidades de produção, pesquisa e intercâmbio, instalando formas de articulação entre saber e fazer, reflexão e crítica" (Catálogo da exposição "Velar e Revelar", da artista Selma Parreira, realizada na Galeria da FAV em 21 de maio de 2002).

Referências:
ABREU, Carla Luzia de; MARTINS, Alice Fátima. Experiência estética e novas tecnologias. Uma reflexão sobre a Galeria da Faculdade de Artes Visuais (FAV/UFG).Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Artes Visuais. Disponível em :https://www.fav.ufg.br/galeriadafav/reflexoes/carla_abreu_galeriadafav.html

CRIMP, Douglas. Sobre as ruínas do museu. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

CURY, Marília Xavier. Exposição: concepção, montagem e avaliação. São Paulo: Annablume, 2006. 160 p.

GONÇALVES, Lisbeth Rebollo. Entre cenografias: o museu e a exposição de arte no século XX. Sao Paulo: Editora da Universidade de São Paulo / FAPESP, 2004. 164p. FREIRE, Cristina. Poéticas do processo: Arte conceitual no Museu. São Paulo: Editora Iluminuras, 1999.

GRUPO DE ESTUDOS EM CURADORIA: exposições organizadas em 1998 e 1999 / coordenação: de Felipe Chaimovich. 2ª Ed. Sao Paulo: MAM, 2008. 267 p. O'DOHERTY, Brian. No interior do cubo branco. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 138.p

SALLES, C. Arquivos de criaçao: arte e curadoria. Vinhedo, SP: Horizonte, 2010. 236p. ZIELINSKY, Mônica (ORG.) Fronteiras: arte, crítica e outros ensaios. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003.

SILVA, Anderson Ferreira da; SAMPAIO, Glayson Arcanjo de (org.). Ocupa Virtual: catálogo exposição 2021. Goiânia: Cegraf UFG, 2022. E-book (138 p.). ISBN 978-85-495-0513-2. Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/handle/ri/20898. Acesso em: 29 jun. 2022

SCHÖN, D. A. Educando o profissional reflexivo – um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

SHUSTERMAN, R. Vivendo a arte: O pensamento pragmatista e a estética popular. Tradução de Gisele Domschke. São Paulo: Editora 34, 1998. TOURINHO, I. Ver e ser visto na contemporaneidade. As experiências do ver e ser visto na contemporaneidade: por que a escola deve lidar com isso? Salto para o Futuro, 2011. Disponível em: Acesso em: mar. 2023.

TOURINHO, I. Cultura, Currículo e Avaliação. In: GUIMARÃES, L. M. D. B, PEROTTO, L. U. (Orgs.). Licenciatura em artes visuais: percurso 5 [Ebook]. Goiânia: Gráfica da UFG, 2019.

CATALOGOS DAS EXPOSIÇÕES DA GALERIA DA FAV (2002 a 2020). Disponivel em: https://galeria.fav.ufg.br/p/43388-publicacoes