Exposição "Não há terra sem saúvas" do Coletivo História Natural de Goyaz
Abertura: 29/09, sexta, às 19h
Conversa aberta com os artistas: 30/09, sábado às 10h
Visitação: 30/09 a 30/10/2023
Agendamento para ações educativas e visitas de grupos:
galeria.fav@ufg.br
Exposição "Não há terra sem saúvas".
Coletivo História Natural de Goyaz:
Ana Flávia Marú, Otávio Scapin e Henrique Borela.
Curadoria: Carolina Fonseca
A proposta para a exposição reúne trabalhos de três pesquisadores, Ana Flávia Maru, Henrique Borela e Octávio Scapin, que conformam, desde 2019, o coletivo História Natural de Goyaz, empenhando pesquisas em torno do arquivo fotográfico da construção de Goiânia e desdobrando exercícios de contação, fabulação e ficção das histórias de mundos e seres implicados no processo de construção e destruição perpetrados na construção da cidade moderno-colonial. Os pesquisadores partem de arquivos fotográficos e textuais, mobilizando revisões, reenquadres, questionamentos, montagens, em direção a um exercício dialético de fabulação crítica. Imagens, textos, desenhos, objetos, instalações, filmes, formam o conjunto de materialidades de uma espécie de reescrita com as imagens da história de Goiânia.
Uma dessas imagens disparadoras, é uma fotografia com o título: "Máquina de matar formigas 'turbal' e seu inventor Caran Zancul (à esquerda)" e que compõe o acervo CPDOC FGV. A imagem é datada de 1937, quatro anos após a fundação da nova capital de Goiás, Goiânia. A imagem vertiginosa de uma máquina de matar formigas em plena construção na cidade moderna nos lança em direção à literalmente ao que não aparece na imagem disparadora: as formigas, que além de empreenderem resistência ao projeto colonial, fazem flanco contra o avanço da metrópole e são alistadas na pesquisa a partir de um desejo de aliança na insistência em dar a ver a produção de linguagem e de subjetividades que podem emergir dos atravessamentos entre mundos e seres, entre humanos e outros que humanos numa “busca de histórias que são também fabulações especulativas e especulações realistas.” (HARAWAY, 2020). Antes de nascer Goiânia, já haviam as saúvas. Não há terra sem saúvas.
O que diriam as saúvas se lhes fizéssemos as perguntas certas? A exposição tenta dar relevo à destruição de mundos e seres engendrada na produção das cidades contemporâneas (em especial da cidade de Goiânia) e a para a escassez das narrativas que coloquem os seres humanos e outros-que-humanos para fabularem juntos, sendo estes últimos tratados como pragas, inimigos e ameaça ao desenvolvimento e progresso da cidade.
Os trabalhos a serem expostos foram desenvolvidos pelo coletivo ou individualmente, contornando uma prática com os arquivos a partir de suas fabulações hora com as saúvas hora com os trabalhadores sistematicamente apartados das narrativas hegemônicas, em meio à hecatombe da construção de Goiânia.
A exposição nos serve de dispositivo para dar forma, para dar corte na produção que vem se desenvolvendo desde 2019. Alia-se ao exercício expográfico o desejo de fazer o convite à pesquisadora e artista Carolina Fonseca para tensionar o conjunto de trabalhos e o projeto expográfico diante da heterogeneidade de suportes e materialidades manejados nas pesquisas.