COLÓQUIO GEOGRAFIAS SENSÍVEIS
Instalando-se na fronteira entre as artes e os saberes socioespaciais, o Colóquio Geografias Sensíveis propõe um encontro voltado à reflexão crítica e transdisciciplinar sobre experiências que se relacionam intensamente com paisagens, territórios, fronteiras e lugares específicos. Na ocasião da abertura da exposição coletiva homônima na Galeria da Faculdade de Artes Visuais, encontra-se a motivação para expandirmos o escopo curatorial da Galeria, agregando falas de artistas e pesquisadores que pontuam as ideias e práticas mobilizadas em seus processos criativos. Este colóquio propõe aproximar processos de criação e pesquisas acadêmicas no sentido de desdobrar conexões múltiplas entre arte e teoria.
Tatiana Ferraz. Série Coverland, 2006. Colagem com fotografia, papel de parede e adesivo, 29 x 23 cm.
Em duas mesas distintas serão apresentadas seis perspectivas que evidenciam o agenciamento entre arte e espacialidade. Em comum, estas perspectivas possibilitam uma compreensão alargada sobre iniciativas de pesquisa-criação no contexto universitário. Diferentes proposições que resultam de práticas híbridas e que ressaltam como a Geopoética pode ultrapassar o entendimento do espaço apenas como locação ou mero cenário. Aqui, a compreensão da Geopoética emerge da constatação que a arte não se restringe a ilustrar questões de natureza geográfica. De outro modo, como veremos, as práticas artísticas se reconhecem incluídas na dinâmica de produção do espaço contemporâneo globalizado. A Geopoética apresenta um potencial performativo que também pode ser empenhado na fricção de escalas geopolíticas, no tensionamento de fronteiras e na mobilização da espessura sensível dos lugares habitados.
PROGRAMAÇÃO
Mesa-redonda: Itinerários, Rotas e Zonas de Fronteira - 13:30 hrs.
Ronaldo Macedo Brandão - Instituto de Artes, Universidade Federal de Uberlândia.
Ana Reis Nascimento - Faculdade de Educação Física e Dança, Universidade Federal de Goiás.
Manoela dos Anjos Afonso Rodrigues - Faculdade de Artes Visuais, Universidade Federal de Goiás.
Mesa-redonda: Tensões entre o Local e o Global - 16:00 hrs.
Rodrigo Freitas Rodrigues - Instituto de Artes, Universidade Federal de Uberlândia.
Eguimar Felício Chaveiro - Instituto de Estudos Socioambientais, Universidade Federal de Goiás.
Aia Oro Iara (Larissa Isidoro Miziara) - Instituto Federal de Goiás-Campus Cidade de Goiás.
COORDENAÇÃO:
Glayson Arcanjo - Faculdade de Artes Visuais, Universidade Federal de Goiás e Thiago de Araújo Costa - Pesquisador de Pós-doutorado PPG Projeto e Cidade, Faculdade de Artes Visuais, Universidade Federal de Goiás.
PARTICIPANTES:
Ana Reis Nascimento
Habitante do cerrado, pesquisa as poéticas e políticas do corpo, e se lança em experimentações da performance e da criação de subjetividades sensoriais dissidentes. Pesquisa práticas artísticas autobiográficas e ficcionais que produzam rachaduras e rasgos nas relações hegemônicas de gênero em potências micropolíticas. Professora Adjunta do Curso de Dança da FEFD/UFG, ativa a performance e as práticas de fronteira no território da educação em artes. Graduada em Artes Plásticas (2008) e Mestra em Artes (2011) pela Universidade Federal de Uberlândia, doutoranda em Artes pela UnB, busca ocupar o espaço acadêmico nas bordas do possível de sua insubordinação contaminando a cientificidade e a neutralidade colonizadora. Participa do Núcleo de Práticas Artísticas Autobiográficas – NuPAA, da UFG. Idealiza e faz acontecer, em formato colaborativo, o ROÇAdeira: encontros performáticos em lugares improváveis. Website: https://anareisnascimento.cargo.site
Proposição: Investigações em performance e experimentações poéticas apontam para potências de encontro entre corpo e território a partir de uma perspectiva feminista. O espaço se abre para possibilidades autoficcionais que cruzam fronteiras entre pessoal e político, ativando desde as superfícies dos lugares às suas camadas arqueológicas, anarqueologicas, sismográficas, eróticas, sensoriais. Com um facão na mão ou pedras fósseis a percorrer os buracos do corpo, busco abrir uma escuta para mulheres, acusadas de bruxas por seus conhecimentos sobre ervas e procriação, animalescas, próximas da natureza, e portanto, menos confiáveis e racionais dentro de uma lógica masculina e capitalista, que se encontra agora em plena rota de colapso.
Aia Oro Iara (Larissa Isidoro Miziara)
Doutoranda em Arte e Cultura Visual (PPGACV FAV/UFG), Mestra em Antropologia Social (PPGA/UFPB-2016) e Bacharel em Artes Visuais (Belas Artes/SP -2008). Atua como professora de Arte no Instituto Federal de Goiás (IFG/ Campus Cidade de Goiás). Possui experiências nas áreas de Performance e Arte/Educação em especial com populações indígenas e quilombolas. Participou da coordenação compartilhada da ação “Do Buraco ao Mundo”, realizada com a Tiririca dos Crioulos, Pernambuco, a qual foi contemplada com os Prêmios Nacionais do IPHAN (2015 e 2016) e da FUNARTE (2018). Como artista- brincante-educadora atua como intérprete das figuras: Das Dores Peregrina, Caatinga Abaporu e Piracema, assim como realiza produções culturais na promoção dos saberes de tradição oral e educação antirracista.
Proposição: Localizada no sertão de Pernambuco, a Tiririca dos Crioulos se autorreconhece um quilombo-indígena. As memórias e narrativas biográficas da comunidade afloram diversos processos de violências (epistêmica, racial e de gênero) que nos demonstram tentativas de negação de direitos. A partir de abordagens que tomem como premissa a interculturalidade crítica, reconhecemos a dívida histórica em relação às populações indígenas e negras pelo silenciamento de suas formas de ser, saber e viver. Sob uma abordagem decolonial e reflexiva sobre as diferentes situações sociais em interação, consideramos o potencial formativo das relações interculturais no exercício constante de nos posicionarmos em busca de justiça social. Esta pesquisa envolve uma etnografia em colaboração, na produção de um material artístico-educativo demandado pelo grupo, possibilitando uma reflexão sobre a configuração de autoimagens desenvolvidas nas relações interculturais .
Eguimar Felício Chaveiro
Geógrafo, Mestre em Educação Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Goiás (1996), Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (2001) e Pós-doutorado em Saúde do Trabalhador pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/RJ). Professor do Instituto de Estudos Socioambientais, da Universidade Federal de Goiás (IESA/UFG). Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Espaço, Sujeito e Existência "Dona Alzira". Mantém parcerias de trabalho com instituições em Moçambique/África, Cuba, Chile e Alemanha. Desenvolve trabalhos ligados à abordagem territorial do Cerrado; saúde, trabalho e território; Geografia, literatura e arte.
Proposição: A voz valente do milho em Cora Coralina: espaço, estética e pensamento. O poema 'Oração do Milho' reivindica, a partir da voz narrativa do milho, num protesto contra o colonialismo, uma atenção aos pobres da América latina, aos seus mundos, saberes e gostos. Corajoso, o poema de Cora aglutina crítica e estética e gera outras possibilidades para acionar o pensar.
Manoela dos Anjos Afonso Rodrigues
Professora Adjunto da Faculdade de Artes Visuais (FAV) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da FAV/UFG, vinculada à linha de pesquisa Poéticas Artísticas e Processos de Criação. Líder do grupo de pesquisa Núcleo de Práticas Artísticas Autobiográficas (NuPAA) e Coordenadora do Grupo de Estudos de Metodologias, Métodos e Abordagens da Pesquisa em Arte (GEMMA).
Proposição: Autobiogeografia como estratégia de pesquisa artística - Nesta breve fala, parto do pensamento dos geógrafos Yi-Fu Tuan e Doreen Massey para propor uma reflexão sobre os entrelaçamentos entre geografia e autobiografia e suas contribuições para uma prática artística ativada por experiências de deslocamento.
Rodrigo Freitas Rodrigues
Graduado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais, com habilitação em pintura (2006) e gravura (2008). Possui mestrado e doutorado em Artes pela mesma instituição (2016). Atualmente é professor do Instituto de Artes da Universidade Federal de Uberlândia, participa do NUPPE (Centro de Pesquisa em Pintura e Educação) e investiga a relação entre imagem e tempo a partir da prática pictórica em diálogo com vários meios de criação e difusão de imagem.
Proposição: "A proposta de fala consiste em pontuar as questões que me interessam ao tratar abordar a pintura em diálogo com diversos dispositivos de produção de imagem (drones, sonares, câmera de infravermelho, câmera de vigilância). O que se mostra e o que se oculta na imagem, a quem é destinada e a temporalidade das imagens são questões que me interessam para pensar inclusive o papel da pintura no atual contexto, permeado de novas maneiras de produção e difusão de imagens. Minha investigação plástica problematiza a visibilidade, as estruturas de poder e violência."
Ronaldo Macedo Brandão
Nasceu em Belo Horizonte/Brasil em 1964. Professor do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Uberlândia. Artista visual com doutorado em Arte pela Universidade do Porto e mestrado em Artes Visuais pela Unicamp. Trabalha com fotografia, escultura, instalação, performance, desenho e vídeo. Realizou trabalhos individuais e coletivos expostos no Brasil e no exterior, dentre esses: Desemparede, Não Existe, Cadeira em Performance séries fotográficas apresentadas em exposições coletivas em 2011/2015 em Porto/Portugal, Em Caixas, vídeo instalação contemplada pelo prêmio Filme em Minas 2007/2008; Nonada, esculturas, exposição individual no SESC da Avenida Paulista/SP, em julho de 2002 e Galeria de Arte UNI-BH, Belo Horizonte/MG, em julho de 2004; Panóptico, trabalho individual exposto no LaGuardia Community College, Nova York/EUA, com o apoio do Mistério da Cultura do Brasil em 1998, EL Museo Del Barrio, Nova York/EUA, como parte da exposição The S'Files, entre maio e junho de 1999.
Proposição: "As linhas demarcatórias de fronteiras integram uma das linhas temáticas de minhas pesquisas. O trabalho Corpo em Queda, apresentado nesta mostra, integra uma série de projetos de fotografia, documentários e vídeo instalação realizados a partir de material de registados em viagens que o artista tem feito ao longo de 2012 e 2015 em diversas fronteiras em Europa, como Ceuta (Espanha)/(Marrocos); La Liena de La Concepción (Espanha)/Gibraltar (Inglaterra); (Hungria)/(Áustria); (República Tcheca)/(Áustria); Oriente/Ocidente (Istambul, Turquia); Olivença (Espanha)/(Portugal) e La Frontanera (Espanha)/(Portugal). Além trabalhos onde a temática envolve questões o espaço urbano e seus territórios sociais e históricos como as fronteiras internas as cidades de Belfast (Irlanda do Norte). Porto e Lisboa (Portugal). "
COLÓQUIO GEOGRAFIAS SENSÍVEIS
Data: 12 de março de 2020 - 13:30 as 17h30 hrs.
Local: Auditório da Faculdade de Artes Visuais
Apoio Institucional:
Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás - Programa DOCFIX; Programa de Pós-graduação Projeto e Cidade; Programa de Pós-graduação em Geografia; Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual; Instituto de Artes - UFU.
Outras informações:
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Categorias: COLOQUIO Exposição Pesquisa e Extensão